Entre silêncios, perfumes de rosas, madressilvas e jasmins, as abelhas vão zumbindo num rodopio estival. Eu, agradecendo as noites de orvalhos intensos refletidas na felicidade verdejante das minhas plantas e nas gotas de pérolas suspensas entre ramos e pérgolas. Entre a romãzeira e os bambus se vão equilibrando
aranhas invisíveis, tecendo as suas pontes, bordando elaboradas cortinas entre o seu mundo e o meu que se calhar é o mesmo.
As estátuas, guardiãs do verde que me rodeia, ensinam e convidam à serena imobilidade, hoje dei-lhes mais atenção, limpei-as, agradeci-lhes a discreta companhia que me fazem em todas as estações, ofereci-lhe um cesto de rosas das mais perfumadas (as únicas que tenho), as outras são do quintal da Sofia que as coleciona e cuida com muito carinho, e que lindas que elas são. Confirma-se o ditado inglês "The best food you can give your garden is your love", o melhor alimento que podes dar ao teu jardim é o teu amor.
Quem não tem amor às árvores são os donos da casa abandonada onde me ia abastecer de flores e bagas de sabugueiro, fizeram-lhe uma poda bastante selvagem, rasgando e esventrando o seu troco principal, cortando os ramos inferiores de uma forma desrespeituosa e desconsiderada, tive pena dela. Sempre me oferecia delicadamente as suas flores. Hoje visitei-a e sentia-a triste mas mesmo assim oferecendo generosamente as suas bagas que agora colhi com muita dificuldade devido à altura a que se encontram. Ficarão para os pássaros que muito as apreciam.
Vou confecionar uma sobremesa com pétalas de rosas e bagas de sabugueiro, yumi, yumi!!!!
Para já ficam apenas as fotos da colheita.