domingo, 30 de março de 2014

Primavera arrependida mas deixando rastos luminosos no quintal

Há exatamente  duas semanas, regressei do Faial convencida de que finalmente a primavera tinha vindo para ficar.Deram-me as boas-vindas bandos de pássaros, de cantares alegres e variados, felizes com a diversidade do meu pequeno quintal, árvores em flor, perfumes de jasmim,  malva-rosa e frésias invadindo as noites já morninhas a anunciar dias continuos de bom-tempo.



Mas não, vá-se lá saber porquê a primavera fez arrependeu-se.
Deixando atrás de si um rasto de pérolas que a minha câmara vai captando entusiasmada.


Saio para o quintal, câmara  em punho e vou descobrindo que apesar da chuva e do frio a primavera vai deixando marcas. Constato que a primeira tebuchina nasceu hoje , exibindo os seus estames ondulados e fotógénicos.


Os goivos lançam perfume molhado de um um rosa intenso, pouco incomodados com a chuva, qualquer dia vão para salada.


As rosas vermelhas vão surgindo tímidas no alto das ramas mal podadas.


As umbelas de uma enorme Umbelífera silvestre que tanto pode ser um aipo como uma cenoura selvagem ou outra planta provávelmente tóxica, deixo-a estar porque é a mehor esponja para o excesso de água que se vai acumulando por todo o lado, para além de ser linda, aloja ainda insetos raros.



Os jarros brancos e luminosos, deliciados com o excesso de água expandindo-se como se todo o quintal lhes pertencesse, invadindo já o território dos bambus. Deixo-os estar a lembrar-me Georgia O´Keefe e Frida Khalo. São elegantes, exuberantes e dificeis de fotografar.



As avencas continuam felizes com o recuo da primavera e o excesso de humidade, que não são criaturas de calores.


As serralhas que este ano não foram arrancadas para os coelhos da vizinha, ficaram a dar flor e semente, piscando o olho à lente que não perde oportunidade de mais uma bela foto.


Na casa da vizinha encontrei túlipas, já despindo-se e despedindo-se não sei bem de quê nem de quem mas comovem-me sempre, vê-las assim desfolhando-se, tornando-se vulneráveis, eu que tenho pavor à vulnerabilidade, sinto uma certa admiração por tanto desprendimento.Gosto de  ver o desfolhar das pétalas assumindo que o tempo passou e que um novo ciclo virá.Quero ser flor e assumir os meus ciclos com a  graciosidade que só elas conseguem.



As papoilas então, mostram-nos a cada momento o quão éfemera é a existência: belas, luminosas, vibrantes, voláteis, delicadas e efémeras. Encontrei-as hoje num descampado pedregoso e trouxe para casa três com raiz, plantei-as no quintal com esperança de as ver durar um pouco mais.Que mania a nossa de querer que as coisas durem mais do que o tempo que é suposto.



Amores-perfeitos, só nos filmes e nos quintais, dóceis, perfumados, delicados, aveludados, e não chateiam como os os amores imperfeitos. Estes são dos mais bonitos que já tive na minha longa lista de amores.


As alfazemas parecem também indiferentes ao excesso de água, são umas resistentes e sabem que as abelhas andam por aí não tarda nada, preparam-se para celebrar a chegadas destes fantásticos e tão mal entendidos  insetos que são as minhas queridas abelhas. Bem sei que não gostam de chuva mas as alfazemas esperam-vos e as glícinias também.










Da viagem ao Faial e da primavera instalada no jardim.

Ainda a digerir a minha viajem ao Faial e o grande remoinho interno que os veleiros causam em mim.
Fico sem tempo, com o passado e o presente diluidos numa uma vivência, mais passado que presente, sento-me a observar aquele ritmo de viajantes-aventureiros que outrora também  fui e que agora revivo intensamente com um nó na garganta e uma sensação de EU um pouco torbulenta como as tempestades no mar.
Agora sou da TERRA com um passado no MAR e uma vontade imensa de voltar a ser destemida, aventureira, solitária, afoita, sentir-me imortal e valente.
Percebo agora ao escrever estas palavras que talvez muito do que agora sou foi moldado no mar.
Dois anos e meio num veleiro de 8 metros aos vinte e um anos com um Hervé de 25 tem de deixar marcas na nossa pele, nos nossos pés, na minha pegada ecológica, da qual me orgulho todos os dias.

E eu que vim aqui com a intenção de escrever para me queixar que na minha ausência de 5 dias nos Açores a primavera sorrateira e sem avisar se veio instalar no meu jardim.

De repente a ameixeira parece ter ficado maior ao encher-se de flores e quase logo de seguida de viçosas folhas, a maceira deu primeiro à luz as folhas e poucas flores este ano, será que vou ter maçãs?
A romanzeira cobriu-se de delicadas folhinhas vermelhas, as frésias desataram a florir num festival multicolor muitissimo aromático, o jasmim então nem se fala, parede branca de cachos perfumados a entrarem quase pela porta da cozinha.
Quem vai entrar pela porta da cozinha é o sabugueiro todo inclinado a desviar-se do abacateiro que lhe está querendo roubar espaço, luz e altura. Mas elas adaptam-se, moldam-se, cedem...somos tão parecidos com as plantas, nunca me canso de comtemplar tal maravilha.

terça-feira, 4 de março de 2014

Passeio de reconhecimento de plantas medicinais em Cascais

Sabia que a morugem é deliciosa em saladas e sopas e tem o nome de Stellaria media pois a sua pequenina flor branca faz lembrar uma estrela? E que a flor de sabugueiro (Sambucus nigra) faz uma excelente infusão para tratar tosses e gripes? E que as folhas tenras das silvas (Rubus fruticosus) tratam a diarreia? E que a cavalinha (Equisetum arvensis) e as urtigas (Urtica dioica) têm dezenas de utilizações? Para descobrir estes pequenos segredos da Natureza, e outros, participe neste passeio botânico de reconhecimento de plantas medicinais e ervas silvestres comestíveis. Formadora: Fernanda Botelho.

Participação: 8,5€

Local de encontro: Entrada principal da quinta do Pisão – Parque de Natureza

Inscrições | Informações: Através do email atividadesnatureza@cascaisambiente.pt ou 214604230

Violetas no Botânico

Aqui ficam algumas fotos do fim-de-semana passado entre violetas e amantes de violetas.
O Luís Mendonça de Carvalho foi incansável na organização.
 
Os meetings sobre violetas são reuniões internacionais que reúnem amadores e profissionais que se interessam pelo cultivo e pela história das violetas (simples ou de Parma). Estes encontros iniciaram-se em 1995 e foram realizados nas seguintes cidades: 1995 Washington (E.U.A.); 1996 San Francisco (E.U.A.); 1997 Devon (Reino Unido); 1998 Udine (Itália); 1998 Nova Iorque (E.U.A); 1999 Toulouse (França); 2004 Toulouse (França); 2007 Beja (Portugal); 2009 Parma (Itália); 2014 Lisboa (Portugal)
O meeting encontra-se aberto à participação de todos.
 
The international violet meetings are occasions when people who study and cultivate violets come together and share their knowledge and expertise. The violet meetings began in 1995 and they were held at: 1995 Washington (U.S.); 1996 San Francisco (U.S.); 1997 Devon (United Kingdom); 1998 Udine (Italy); 1998 New York (U.S.); 1999 Toulouse (France); 2004 Toulouse (France); 2007 Beja (Portugal); 2009 Parma (Italy); 2014 Lisboa (Portugal).
The meeting is open to all people.

Luis Mendonça de Carvalho oferecendo violetas portuguesas aos convidados ingleses
Convidados ingleses, francese e portugueses, a Graça Saraiva https://pt-pt.facebook.com/ErvasFinas.segredos.que.se.comem‎

Luís Mendonça de Carvalho, Graça Saraiva, Elen de Toulouse e...

Um belo cesto de violetas perfumadas.

Viola escondidensis, uma das muitas violetas dos Andes que descobri e que se podem encontrar entre a Argentina e o Chile, fiquei com vontade de lá voltar
Viola coronífera
O jardim botânico cedeu a sala, os entusiastas convidados vieram de Inglaterra dos http://www.grovesnurseries.co.uk/ falar-nos sobre violetas dos Andes que mais parecem catus mas são violetas, de França veio a Hélene da casa da violeta www.lamaisondelaviolette.com

Depois do encontro fomos passear para a Baixa de Lisboa, visitamos a loja das sementes, compramos noz de cola aos simpáticos guineenses e ainda houve tempo para uma visita à loja das especiarias.

herbário do jardim botânico

loja das especiarias

noz de cola