quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Para ser feliz basta-me um jardim






Neste dia de quase quase final do ano, Inverno, vento, muito vento, céu cinzento por momentos rasgado de azul, com nuvens carregadas de água a serem empurradas pelo vendaval, galopando pelo céu e deixando o sol de tempos a tempos aquecer a terra molhada.
Um ninho solitário agarrava-se com firmeza à árvore agora despida de folhas, flores e ameixas.
O jardim salpicado de vermelhos aqui e acolá chamava a atenção dos pássaros que iam debicando nos abutilons, nos limpa-garrafas, nos brincos-de-princesa.
Os narcisos, os lírios e as açucenas irrompendo já do escuro da terra húmida, acordaram cedo do seu tempo de repouso, madrugaram fora de época.
As bandeiras Tibetanas esvoaçam e desfiam orações lançadas ao espaço.
Um banco sózinho comtempla a paz que existe nos ritmos secretos do jardim.
Eu sujo as mãos, observo, respiro, oiço os sons todos da terra a fazerem eco neste pequeno espaço dentro de mim.
As estátuas apenas estão, murmuram ao vento sons de serenidade.
O jardim é um manto que me aconchega e me alegra nos dias curtos de Inverno, entra sorrateiro pelas janelas todas e envolve-me os gestos, o coração, o olhar e o pensamento.
Para ser feliz basta-me um jardim.

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