domingo, 25 de janeiro de 2015

Monção com águas termais e plantas medicinais

Da minha viagem a Monção, à beira do rio Minho, observando a incrível adaptação das plantas rípiculas. Encontrei muito mentrasto, também conhecido por hortelã-brava ou Mentha suaveolens, talvez devido á suas folhas macias e cobertas de penugem esbranquiçada. O que mais me surpreendeu no entanto foi a Artemsisia vulgaris e também uma das minhas grandes favoritas: a tanchagem Plantago sp, que imediatamente elegi como planta da semana, cujo artigo aqui vos deixo.Tão adaptável e nada tola, pois vai aquecer as suas raizes nas águas termais, sobrevivendo no calorzinho liquido com cheiro a enxofre.Destas nascentes se diz terem poderes curativos para tratar doenças respiratórias. Eu por ali me sentei, pés de molho em água quente que brotava no meio dos seixos e ia deslizando até se encontrar com a frescura do rio.
Escutei o borbulhar da água que emergia das entranhas telúricas e me ia aquecendo a alma e os pés enquanto meditava sobre os rios que dividem países ou será que os unem em vez de os dividir?








Existem entre nós três variedades principais de tanchagens, sendo todas elas medicinais: tanchagem maior ou tanchagem terrestre (Plantago major), tanchagem média e tanchagem menor de folha mais estreita e pontiaguda do que as outras (Plantago lanceolata). É ainda conhecida por corrijó, erva-de-ovelha, calracho, tanchagem das boticas, psílio, e erva pulgueira devido a forma, cor e tamanho das sementes cuja casca se assemelha a pulgas.

Era já conhecida e muito utilizada na antiguidade. Alexandre, o Grande, designava-a Governante-dos-caminhos, devido à sua grande abundância nas beiras dos caminhos.

O médico e historiador grego Dioscórides atribuía-lhe várias propriedades. Os anglo-saxões utilizavam-na como panaceia para curar inúmeras doenças e era por eles considerada uma das nove plantas sagradas. Na Índia é cultivada em grande escala para recolha das sementes muito utilizadas no tratamento de problemas intestinais, incluindo desinteria.

É uma planta vivaz, da família das Plantagínáceas. Tem folhas espessas, estreitas ou arredondadas, com cinco nervuras bem salientes. É acaule, flores em espiga de cor branca ou malva, é inodora e de sabor ligeiramente amargo. É rasteira mas pode também chegar a atingir cerca de quarenta centímetros de altura.

Existe por toda a parte na Europa setentrional, Açores, Madeira, Norte de África e Ásia, sobretudo na Índia onde é cultivada. É propagada a partir de semente e requer muito Sol. Também cresce espontânea em lugares húmidos com muita vegetação na berma das estradas, terrenos baldios, hortas e jardins.



Muito rica em mucilagem (cerca de 30%). Ácidos gordos: ácido linoleico, oleico e palmítico. Taninos, glicócidos, alcalóides, ácido salicílico e potássio.


É antibiótico, anti-inflamatório, expectorante, fortificante dos vasos capilares, calmante, laxativo, diurético e adstringente. As folhas esmagadas podem ser aplicadas directamente sobre a pele para aliviar picadas de insectos e estancar hemorragias. Internamente pode ser utilizada em forma de chá para combater bronquite, catarro e outros problemas de pulmões e vias respiratórias tendo um forte efeito expectorante devido ao alto teor em mucilagem. O ácido silício ajuda a fortalecer os pulmões. 





O seu efeito adstringente é útil para tratar diarreia e cistite. O psílio é útil no tratamento de hemorróidas pois amolece as fezes e reduz a irritação das veias danificadas. Tem ainda uma acção simultaneamente laxativa e anti-diarreica, ajudando a equilibrar o funcionamento intestinal. O efeito calmante e protector das cascas e sementes beneficia todo o parelho gastro-intestinal podendo ser utilizado no tratamento de úlceras gástricas e duodenais e problemas digestivos de acidez. A mucilagem é útil no tratamento no síndroma do cólon irritável. Muito eficaz e suave no tratamento de problemas intestinais em crianças.

O líquido gelatinoso produzido quando o psílio é mergulhado em água tem a capacidade de absorver toxinas no intestino grosso.

A sílica e os taninos presentes na sua composição são muito úteis no tratamento de varizes aplicado em forma de compressas.


Compressas de folhas aplicada sobre as articulações alivia dores reumáticas e ajuda a desinflamar.

Muito útil para drenar furúnculos ou outras impurezas. Aplicar a folha directamente ou fazer um cataplasma mergulhando as sementes ou folhas numa infusão de calêndula.

Uma infusão de folhas pode ainda ser utilizada para lavar olhos inflamados ou em compressas ou tampões dentro dos ouvidos para aliviar a dor e combater a inflamação.

Pode ainda ser utilizada para tratamento de contusões e entorses.

Para aliviar a febre, aplicar folhas frescas sobre a testa.


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