As plantas que irrompem da estrada e nos terrenos que abandonamos são embaixadoras de uma cultura mais rica e antiga que a nossa: turva e vivaz, é uma cultura sem avesso. Queiramos ou não, somos parte de uma comunidade que não supõe os conceitos de «fora» ou «outro». A ideia de que humanos e plantas
ocupam espaços diferentes — que têm naturezas diferentes — é a verdadeira ideia daninha. É esta ideia que está por trás das práticas que danificam e desrespeitam o nosso meio ambiente, que ofendem o legado da vida no nosso planeta.
Teimando em reverdecer, as plantas silvestres são guardiãs da diversidade. A Recoletora propõe seguir o seu exemplo, sair dos trilhos usuais para olhar de novo os nossos espaços — transformar a ideia que temos da cidade, os nossos hábitos e rotinas. Conhecendo os vizinhos, passamos a olhar para a nossa rua de outra maneira. Tal como atraem insetos polinizadores e outros animais, estas plantas convidam-nos a entrar no terreno baldio e repensar o lugar que ocupamos no ecossistema. Elas alertam-nos contra as práticas nocivas das monoculturas dependentes do uso de herbicidas e avisam-nos: a diversidade é a nossa maior riqueza.
Uma das formas de o fazer é introduzir plantas novas nos nossos pratos, enriquecendo-os com os seus sabores e nutrientes, mas também criando lugares de troca e contacto entre humanos e mais que humanos, entre diferentes campos de conhecimento. Para este efeito, o design apresenta-se como a disciplina ideal, capaz de mediar linguagens e saberes distintos na constituição de uma plataforma aberta e acessível, mas também na imaginação de um trabalho de campo interventivo que possa sensibilizar as nossas comunidades e público para estas realidades.
https://vimeo.com/574857269?fbclid=IwAR1Nfe2xbvixAF1k82ANnMBIJNxg7iPoLeFW1nO8HxWW8gWU4jLbizGH-6s
Sem comentários:
Enviar um comentário