segunda-feira, 28 de fevereiro de 2022

Urtiga/Nettle Fibras altamente sustentáveis


 A Urtiga está de volta conquistando lugares às tão poluidores fibras sintéticas e algodão transgénico com recurso a grandes quantidades de agrotóxicos.

https://www.stylourbano.com.br/startups-de-impacto-socioambiental-na-india-e-africa-fabricam-tecidos-de-urtiga/

 

 Fibra de urtiga

 A Urtica dioica foi em tempos bastante utilizada no fabrico de toalhas de mesa, lençóis  e de fardas dos soldados durante a segunda guerra mundial. A já mencionada Bhoemeria nivea , também conhecida por erva da China e sem pelos urticantes, é uma das culturas de fibras mais antigas, existe há pelo menos 6000 anos, tendo sido desenvolvida ainda antes da seda, cultivada principalmente na China mas também no Japão, nas Filipinas, na Malásia, Taiwan e Índia. Esta é usada para produção da fibra de rami por esta ser mais resistente do que o linho, o algodão e mais ecológica do que a seda ou o algodão. Esta urtiga é muito apreciada do ponto de vista ambiental pois tem alta rentabilidade, podendo fazer-se colheitas até 4 vezes por ano, tendo a vantagem de não necessitar de adubos químicos nem pesticidas como acontece com o algodão nem de recorrer a bichos como no caso da seda

Nos anos 60 e 80 foi introduzida e desenvolvida no Brasil  pelos japoneses apreciadores de materiais de alta qualidade. A cidade de Uraí no Paraná já foi conhecida como a capital do rami tendo mesmo vivido um boom económico,  social e demográfico graças a esta cultura ( a sua população duplicou no espaço de 20 anos).

A partir dos anos 80 do século XX começaram a surgir outras culturas na região como a soja, os terrenos onde se cultivava Urtiga começaram a ser adquiridas para agricultura intensiva dependente em alta escala de agrotóxicos e, benificiando apenas os bolsos de meia dúzia  de pessoas. A introdução da soja acabou por expulsar não só a cultura da Urtiga com todo o processamento da fibra a ela associado, como também forçou a um enorme êxodo da população que se viu sem empregos. A população desta cidade foi decaindo de 24,500 habitantes para cerca de 11.000 em 2010.

Com a atual indústria da moda, que deixa no planeta uma das piores pegadas ecológicas com a chamada fast fashion e a produção de fibras sintéticas a ser pressionada pelos defensores do ambiente, o Brasil volta a pensar na reintrodução da cultura desta Urticaceae para a produção de remi.

 

Fotografias de

Alexandre Delmar 

em

https://arecoletora.com/ 




 

Alexandre Delmar 

em

https://arecoletora.com/ 



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