sexta-feira, 31 de outubro de 2014

Artemísias



 

 



A Artemísia dos Caminhantes

Introdução

Artemísia vulgaris é uma planta composta, vivaz da família das Asteráceas. Chega a atingir 1,5m de altura, tem o caule lanoso, muito ramificado, folhas muito recortadas de cor verde prateado, pequenas sumidades floridas de cor amarelo dourado que poderão ser colhidas no princípio da floração. Cresce um pouco por todo o mundo, terrenos baldios, bermas de estrada e até mesmo alta montanha mas prefere as zonas quentes perto do mar. Existem cerca de 300 espécies de artemísias todas elas com propriedades semelhantes, as mais comuns são Artemísia absinthium ou losna que em inglês é wormwood, em francês armoise, a espécie Artemísia vulgaris conhecida também por erva-sagrada ou mãe-das-ervas, mugwort em inglês e ainda a Artemísia drancunlus ou estragão. Nos Açores a artemísia é conhecida por rainha-das-ervas. Na Ásia, onde foi introduzida por erva-do-fogo devido à sua utilização em tratamentos de mocha na medicina chinesa (método que consiste na estimulação dos pontos vitais da pele feita através de pequenos cones de ervas aquecidos). É ainda conhecida como erva-dos-caminhantes pois acredita-se que colocando algumas folhas de artemísia nos sapatos ou mascando um pouco isto ajuda a combater a fadiga e o cansaço nas longas caminhadas protegendo ao mesmo tempo os caminhantes de maus-olhados e bruxarias. Artemísia está associada à deusa grega Artemis ou Diana para os romanos que era a deusa da natureza, da lua e da caça, protectora das mulheres e dos problemas femininos relacionados com a fertilidade. É uma planta muito associada à magia, os gregos e os romanos utilizavam-na para invocar o espírito dos mortos. Na Europa antes do cristianismo, usavam-na na incineração dos cadáveres, os cristãos vieram mais tarde utilizá-la na decoração dos caixões e plantá-la nas campas, daí a sua associação com a melancolia. Era ainda muito utilizada nos jardins dos mosteiros da Idade Média. Faz parte das nove plantas sagradas dos anglo-saxões. Está ainda associada aos sonhos e acredita-se que um saquinho de artemísia colocada debaixo da almofada ajuda a ter bons sonhos e a afastar pesadelos. Antes da utilização do lúpulo para aromatizar a cerveja usava-se a artemísia.

Propriedades

Devido ao seu sabor extremamente amargo, a artemísia é um potente vermífugo, um estimulante digestivo ajudando na produção dos sucos gástricos e melhorando o funcionamento do fígado e pâncreas estimulando o apetite, aliviando doenças hepáticas com náuseas e enxaquecas, cólicas, flatulência e anemia. Os azulenos que contêm são anti-inflamatórios ajudando a combater febres, quando aplicado em compressas sobre a testa ou ingerido em forma de tisana. As compressas ajudam ainda a combater dores reumáticas e gota. Regulariza o período menstrual induzindo a menstruação, sendo, portanto, um abortivo. Diz-se que o sabor amargo da artemísia aclara os olhos e a mente. Ajuda ainda a combater a doença de Parkinson e alguns tipos de malária, pois contém artemisina, substância recomendada pela Organização Mundial de Saúde (WHO). É suavemente anti-depressivo, repelente de traças e pulgas.

Culinária

Utilizada para temperar carnes muito gordas.

Curiosidades

A bebida absinto, grande inspiradora de muitos artistas, pintores e poetas – incluindo Fernando Pessoa- do séc. XIX e princípios do séc. XX está proibido na França desde 1915, por causar dependência e por o seu uso prolongado poder danificar irreversivelmente o sistema nervoso.

No Jardim

A artemísia faz uns bonitos canteiros devido à cor prateada das suas folhas, mas atenção esta não deve ser plantada junto das hortícolas pois exerce um efeito retardador do crescimento destas especialmente nos anos mais chuvosos. As folhas e raízes exsudam uma substância tóxica –a absintia- que cai no solo perto da plantas e fica ativa durante muito tempo. Uma leve infusão da artemísia pode utilizar-se na pulverização de árvores de fruto para combater algumas pragas. Quando plantada nos galinheiros, repele os piolhos.

Precaução

Não utilizar durante a gravidez ou a amamentação.

Fernanda Botelho 2006

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